O que me traz aqui hoje é o desespero, a incredulidade, a raiva e frustação de uma filha que pouco mais pode fazer do que protestar e barafustar contra o sistema de saúde que Portugal tem e que faz definitivamente com que existam doentes de primeira e doentes de segunda!
Há cinco anos que a minha mãe sofre de cancro da mama e que por isso é tratada na Oncologia do Hospital S. José. Neste último ano fez inúmeros tratamentos para tentar evitar uma mastectomia radical, mas tal não foi possível e como tal em Agosto realizou-se a dita cirurgia à mama esquerda. Como último recurso a médica falou-nos de um medicamento, o LAPATINIB e que iria imediatamente colocar o pedido à administração, já que a condição da minha mãe se enquadrava nos critérios para receber o tratamento.
Este processo iniciou-se em Junho, a cirurgia realizou-se em Agosto e estamos no final de Dezembro.
Entretanto surgiram metástases na outra mama e os marcadores tumorais continuam como tal elevados.
A questão é:
Para quando a chegada do medicamento?
Porquê a demora, já que os argumentos utilizados nunca foram bem explícitos?
Porque é que alguns doentes estão a fazer o dito medicamento e a minha mãe, não?
Porque é que existe em alguns hospitais e noutros não?
Valerá a sua vida tão pouco?
O que é preciso fazer para que a minha mãe receba este tratamento?
É necessário ir para fora do país quando no nosso de origem nos negam o direito à saúde?
É preciso gritar, fazer queixa, escrever umas quantas cartas?
SÓ DESEJAMOS QUE UMA DOENTE ONCOLÓGICA RECEBA O TRATAMENTO ADEQUADO A TEMPO E HORAS.
Nesta longa e dura batalha que se arrasta no tempo, nunca vi ou ouvi queixas da minha mãe, quanto ao hospital e aos seus colaboradores, muito pelo contrário e é triste que a vida de um ser humano seja condicionada pelo preço de um medicamento fundamental para a sua sobrevivência.
A minha mãe tem 53 anos, um marido, dois filhos e um neto de 3 anos, é forte, lutadora até mais não, e é desesperante assistir à sua angústia de cada vez que lhe dão esperança e a retiram logo de seguida quando dizem que o “medicamento ainda não chegou”.
O que é que se passa neste país em que continuam a existir doentes de primeira e segunda categoria?
Por tudo isto reclamamos e esperamos sinceramente que a nossa “voz” seja ouvida.
Por favor passem palavra, gritem, alertem não deixem que coisas destas aconteçam num país que tem tanto para oferecer e que às vezes nos deixa tão tristes...
Obrigado